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Forte com os fracos e de novo campeões?

Análise do estado atual do Benfica

Forte com os fracos e de novo campeões?


O Benfica vinha de um inexplicável (e ainda hoje intragável) empate a 3 bolas com o Besiktas, depois de estar a vencer o mesmo encontro por 3-0! Mas perante a concludente vitória de 3-0 sobre o Moreirense, disseram em uníssono todos os analistas e os principais jornais: o Benfica contínua fortíssimo! Imparável! Adiantaram, porém, de imediato, perante este coro, os encarniçados adeptos rivais, com oportuno sarcasmo, que é com os fracos que o Benfica se mostra imbatível. Mas o que deve perturbar os responsáveis do Benfica, muito em particular o seu treinador Rui Vitória, é esta ironia assentar em insofismáveis e arreliadores números: em sete jogos entre rivais, desde que Vitória substituiu Jorge Jesus, o Benfica apenas logrou uma vitória e um empate. Uma vitória injusta em Alvalade, e que levantou o véu sobre quem seria o campeão, e um empate este ano no Dragão (com sabor forte a vitória) também, de certo modo, imerecido. Também é justo salientar que o Benfica de Rui Vitória, no ano passado, foi derrotado na Luz pelo FCP quando, se os deuses acaso justos fossem, em vez de uma derrota, o Benfica merecia ter tido uma copiosa, e há muito sonhada e desejada, vitória.

Mas verdade, “verdadinha”, por muitas voltas que se lhe deem, os números entre rivais estão longe de serem favoráveis ao Rui Vitória. Todavia, diante destes números, a massa fervorosa dos adeptos encarnados, à qual o autor destas linhas, com indubitável orgulho, confessa pertencer, logo “atira” aos rivais um verdadeiro e inquestionável petardo: mas fomos campeões! E, pior, logo asseveram aqueles adeptos que não os incomodaria nada perder os próximos três jogos com os eternos “inimigos” e serem de novo campeões!

Bom, colocadas as coisas nestes termos, mostrando-se o Rui Vitória incapaz de ganhar aos rivais, e com ele o Benfica, quer na Luz, quer no campo destes adversários, que adepto benfiquista desdenharia ser de novo campeão? E desta vez, se o fossemos, ineditamente tetracampeões! Nenhum! Mas pode o Clube contentar-se com esta filosofia? Ou fazer desta filosofia uma estratégia!

Claro que não. Claro que não.

A dimensão do Benfica, a sua história, proíbe qualquer dirigente de resvalar para esta encosta. Ganhar a um rival é um merecido êxtase que o Clube oferece aos seus adeptos. Nunca uma Segunda-feira é tão desejada como quando se ganha a um rival. E se a vitória assumir contornos de humilhação, maior o gozo é. Até as gotas de chuva brilham como raios de Sol. Não deve o Clube privar por mais tempo os adeptos desta alegria. Deste orgasmo.

Aproxima-se um Benfica-Sporting. Sob pena de o Rui Vitória, e com ele o Benfica, de vir a sofrer definitivamente de um complexo de inferioridade, o Benfica não pode na Luz ceder mais nenhum ponto ao seu, hoje em dia, duplo-rival: Jorge Jesus/Sporting!

(O dossier Jorge Jesus foi tão mal gerido pelos responsáveis do Benfica e pelos seus comentadores que para além de oferecerem um excelente treinador ao rival, criaram uma duplo confronto do qual o Benfica não tem saído beneficiado).

Mas antes há um jogo com o Marítimo que o Benfica não pode perder. E neste ponto a filosofia do Rui Vitória tem-se mostrado preciosa (e começa a fazer escola, oiça-se o Peseiro). Pensar jogo a jogo! Pensar jogo a jogo, bem se vê, com as consequências que daí advêm: não gerir o plantel a pensar num determinado jogo ou eliminatória. Esqueça-se o Benfica-Sporting e pense-se e prepare-se (adeptos e equipa técnica) o Marítimo-Benfica!

 

Texto por Manuel Sampaio


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