Oitavos de final
UEFA EURO 2016
Suiça - Polónia
Previ um jogo muito equilibrado e foi o que aconteceu, resolvido apenas nos penalties. Previ que a Polónia sairia vencedora e foi o que aconteceu. Mas foi um pouco diferente do que esperava. Nenhuma das equipas dominou o encontro, mas foi quase sempre mais perigosa a Suiça. As oportunidades de golo foram quase todas da Suíça e a Polónia limitou-se a defender com muitos e com as linhas muito baixas, esperando o momento da perda para provocar desequilíbrios na frente. Uma exibição de luxo de Fabianski, que começou esta prova no banco e ganhou a titularidade com o jogo da Alemanha, permitiu aos Polacos levar o jogo até aos penalties e estar nos quartos-de-final. Vai defrontar Portugal e espero que fique por aqui.
Croácia - Portugal
Mais um jogo da nossa selecção e mais 120 minutos de futebol pobre, sem imaginação e onde apenas em contra ataque nos foi possível criar algum perigo. Desta vez jogaram os 3 médios do Sporting que desde o início muita gente pedia, mas a dinâmica manteve-se. Quatro médios sem capacidade de receber a bola e enquadrar dento do bloco adversário, acabando com as jogadas sempre nos corredores laterais à procura de Ronaldo para que este, com mais um golpe de génio, resolva o jogo. A Croácia desta vez também não deslumbrou. Respeito a mais pela selecção portuguesa fez com que a equipa tivesse menos bola em zonas adiantadas e Rakitic deixasse de conseguir jogar. Adrien esteve quase sempre preocupado com Modric e bastava que Rakitic baixasse uns metros no terreno para pegar no jogo mais cedo e tudo poderia ter sido diferente. Não foi assim e os Croatas, justo ou não, acabaram por sofrer no minuto 117 o golo decisivo. Renato Sanches continua igual a si mesmo, sempre que toca na bola é para conduzir e tentar desequilibrar em velocidade e em esforço. Quase nunca tem sucesso, mas continua a insistir. O problema é que no meio do marasmo que é o meio-campo da selecção é quase obrigatório o Renato entrar. Ainda estou à espera das explicações de Fernando Santos para a pouca utilização de Rafa (5 min.) que é para mim o melhor médio ofensivo desta equipa. Nos quartos vem a Polónia, muito mais defensiva e por isso muito mais difícil para esta equipa. Esperemos que Ronaldo consigo o golo.
País de Gales - Irlanda do Norte
Jogo entre equipas com formas de jogar semelhantes. Linhas baixas, pouca posse, vertigem e jogo directo. Tudo o que os britânicos gostam e que dificilmente se justifica no século XXI. Gales com individualidades capazes de resolver jogos (Bale e Ramsey) e Irlanda do Norte mais fechada, com 10 na frente da grande área. Um autogolo acabou por definir que seria o País de Gales a passar aos quartos, após cruzamento do homem do costume. Foi o que esperava. Nos quartos-de-final defrontam a Bélgica e em princípio acabam aqui uma prova bastante interessante para quem nunca tinha participado.
Hungria - Bélgica
Finalmente todas as debilidades da Hungria postas a nu por uma Bélgica com uma criatividade fantástica mas que continua a expor-se em demasia quando perde a bola. O resultado é enganador uma vez que a Hungria teve oportunidades para fazer golos e algumas flagrantes ainda com o resultado em 1-0. Desta vez Fellaini ficou no banco e apareceu De Buyne no corredor central (eu apostava em Hazard nessa posição, mas ainda assim uma excelente solução) entrando para uma das faixas um extremo de raiz - Mertens (eu escolhia Carrasco pela irreverência, mas percebe-se a aposta na experiência). Se resolver os problemas da transição defensiva (o próximo jogo vai ser uma vez mais cheio de situações dessas, e desta vez com Bale) pode sonhar com tudo. Em princípio está nas meias-finais.
Alemanha - Eslováquia
Jogo muito interessante de ambas as partes. Alemanha muito mais forte individualmente mas ainda assim a Eslováquia não abdicou de jogar como gosta, com bola, a sair desde o guarda-redes, organizada colectivamente em todos os momentos. Não fosse a bola parada mal trabalhada e a história podia ser outra.
A Alemanha mostrou tudo o que pode fazer. E é muito! Variabilidade no jogo, curto, longo, por dentro, por fora. Gomez a trazer alguma facilidade para segurar a bola na frente de forma mais objectiva (eu continuo a achar que com Muller nessa posição tinham as duas coisas). Hummels a agarrar o lugar que foi sempre dele e a fazer em organização ofensiva o que na maioria das equipas nem os médios mais criativos conseguem.
Linhas de passe que nunca mais acabam. Linhas de passe interiores, exteriores, em cobertura, em progressão. Tudo fácil para quem tem a bola. Basta decidir qual é a que aproxima mais a equipa do sucesso. E com a qualidade individual que os germânicos possuem, quase sempre escolhem a melhor opção.
Itália - Espanha
Primeiro grande jogo a eliminar desta prova e primeira semi-surpresa. Dava a Espanha como favorita, sabendo que ia passar dificuldades contra uma equipa defensivamente forte e com uma transição ofensiva bem trabalhada. Foi isso tudo e ainda alguma dificuldade da Espanha para conseguir ter a bola, sobretudo na primeira parte. Depois de estar a ganhar, Itália estava no jogo como gosta. Linhas baixas e aproveitamento do espaço no bloco adversário. Não fosse o desacerto na finalização e o resultado e o intervalo podia ser 3-0, sem grande surpresa. A disponibilidade dos italianos é incrível. Querem sempre mais do que os outros e acabam sempre por chegar primeiro. Não são a melhor equipa nem individualmente nem colectivamente, no entanto são sempre favoritos nas provas em que participam. Um dos favoritos já caiu. Segue-se o principal. Penso que não vão ser capazes, mas...
França - Irlanda
Jogo complicado aos 2' com o penalty marcado pela Irlanda. Linhas muito recuadas desde o início e França sem capacidade para chegar a zonas de finalização em condições de fazer golo. Muito jogo directo, alguns cruzamento e mais nada até ao intervalo. No intervalo a alteração que mudou o jogo e muda a selecção Francesa. Desde o primeiro dia digo que a França com três médios como Kanté (ou Diarra) e Matuidi e Pogba fica sem criatividade para ultrapassar as equipas mais fechadas (quase todas). Aparentemente Deschamps só se apercebe disso quando está a perder.
Vamos ver como começa o próximo jogo. Pode ser que esta alteração um dia venha tarde e já não haja tempo para dar a volta. A coragem de Deschamps vai decidir como começa o próximo jogo. É com a Islândia, equipa perfeita para jogar com Mauitidi e Pogba no meio e com Comam, Payet e Griezman no apoio a Giroud.
Inglaterra - Islândia
A grande surpresa do Euro até este momento. Contra uma equipa débil como a Islândia a Inglaterra não foi capaz de criar uma oportunidade de golo clara. Fez o golo de penalty numa jogada sem grande perigo e os restantes minutos foram a despejar bolas na frente ou a esticar o jogo no corredores para a velocidade de Sterling ou dos laterais. Uma pobreza como há muito não via. E numa equipa com um potencial tremendo! Rooney uma vez mais afastado da zona dos criativos (a jogar como médio interior, sempre longe da área porque é ele que tem que vir buscar o jogo ao médio mais defensivo) e ainda foi substituído quando a equipa procurava desesperadamente o empate. Willshere e Lallana no banco devia dar direito a rescisão por justa causa. Hodgson teve aquilo que merece. A Islândia faz o que pode com a pouca qualidade de que dispõe. Esconde as lacunas técnicas com agressividade e espírito de entreajuda. O facto de ninguém esperar nada deles faz com que se sintam muito confortáveis assim. Defronta a França nos quartos e devem ficar por aqui.