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Superliga europeia

Os que têm vindo a matar o futebol agora dizem que o querem fazer renascer

Superliga europeia

Tem sido notícia em todos os meios de comunicação o acordo a que chegaram 12 clubes europeus (3 espanhóis, 3 italianos e 6 ingleses) para a criação de uma nova competição, à margem da UEFA, jogada pelos clubes fundadores e por outros clubes convidados por critérios que ainda não foram comunicados. Basicamente é uma Liga dos Milionários onde não interessa se se ganha ou perde no campo. O que interessa é o que se ganha na carteira.

Os clubes que chegaram a acordo são aqueles que nas últimas décadas se têm insurgido constantemente quanto à falta de dinheiro que as competições europeias lhes têm atribuído, obrigando a sucessivas estruturações competitivas sempre em benefício dos próprios. Relembro que na Liga dos Campeões participam 4 equipas de cada um destes 3 países!

Que o futebol está em crise financeira há muitos anos parece-me consensual. Advogar que a crise se deve à distribuição desequilibrada do dinheiro das competições (basicamente dos patrocinadores e das transmissões televisivas) é que já me parece um escândalo e uma tremenda cara de pau. Os clubes que nos últimos anos fizeram com que se paguem 100 milhões por qualquer miúdo com talento para não falar dos salários pornográficos dos seus jogadores e treinadores, acham que o problema da indústria é dar pouco aos ricos e pagar demais ao pequenos... é simplesmente inacreditável!

A UEFA tem, naturalmente, alguma culpa nesta situação porque esteve sempre à mercê da vontade dos clubes mais poderosos e já podia ter tido pulso firme, impedindo que as principais competições fossem cada vez mais um campeonato da elite dos clubes europeus em vez de ser uma competição para os melhores clubes de cada país da europa.

O caminho de desrespeito pelos adeptos dos clubes foi traçado e está em andamento. Neste momento só uma tomada de posição forte da UEFA e das ligas destes 3 países (e das outras já agora, que podem também defender já os seus interesses) pode parar este futuro que prevejo trágico para o desporto que me apaixona desde que me conheço. À UEFA (e à FIFA) cabe decidir se estes clubes podem continuar a participar nas competições da UEFA e se os seus jogadores podem continuar a participar nas selecções que participam nas suas competições (campeonato do mundo, europeu, liga das nações, taça das confederações, etc). Às ligas dos três países cabe ter coragem e impedir que estas equipas participem nas suas competições caso esta ideia elitista vá em frente.

A ideia de ver todas as semanas jogos entre equipas grandes pode parecer boa à partida, mas até isso que pode ter um resultado muito diferente do que é pretendido. Os jogos entre equipas grandes (ou entre seleções no caso das fases finais) geram maior interesse pelas pessoa pelo seu carácter especial, único e raro. Se estes jogos se começam a banalizar temo que o interesse (sobretudo dos mais jovens) se possa perder definitivamente para as centenas de actividades que hoje em dia concorrem com o futebol.

Da minha parte quero manifestar o total repúdio por esta ideia. O futebol sempre foi do mérito. Ganham os que marcam mais golos, os melhores, os mais capazes. E com isso têm acesso a melhores competições e a mais rendimento. Fechar esta possibilidade aos clubes mais pequenos e em desenvolvimento é injusto, antidemocrático e contra os valores de mérito e de competitividade que o futebol sempre abraçou. Espero sinceramente que haja possibilidade de parar este disparate a tempo!


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