Manchester City – Arsenal
Querem acabar com o futebol?
Para quem esperava que este fosse um dos jogos do ano, tal como eu, acabámos por assistir a um jogo de xadrez humano – aborrecido e sem chama.
Dois dos melhores treinadores do mundo, dois plantéis recheados de talento, um estádio incrível e apenas um ponto a separar as duas equipas. Esta conjugação de fatores deveria ser suficiente para que esta tivesse sido uma partida bem disputada, “rasgadinha” até. A verdade é que o respeito que as duas equipas têm uma pela outra levou a que o espectador fosse o único derrotado na tarde de ontem. Bem sabemos que arriscar muito num jogo destes pode ter consequências trágicas, quer no próprio jogo, quer no resto da época. Perder contra um adversário direto não significa apenas perder três pontos. Ainda assim, esperávamos muito mais.
Os craques que poderiam desbloquear o jogo estiveram amarrados com "coletes de forças" e certamente proibidos de tentar a finta mais do que duas ou três vezes por jogo. E se também é verdade que na Premier League é a bola que corre e a finta acaba por ser apenas uma jogada de recurso no último terço do campo, também não deixa de ser verdade que esta instituição do futebol mundial que leva o adepto ao estádio (a finta) é a única forma de abrir espaços em defesas cerradas como as que vimos ontem no Etihad.
Infelizmente para nós, os criativos estiveram mais preocupados em fechar espaços (chegou-se a ver Gabriel Jesus a defender, em 1x1, Doku na zona defensiva do Arsenal, imagine-se), do que em realmente atacar.
Outros, como Álvarez, Mateus Nunes, Nketiah, Fábio Vieira ou Zinchenko nem do banco saíram. O tipo de jogador que imprime nota artística ao jogo está a passos largos a perder espaço na Premier League e a ser substituído por “máquinas” que apenas fazem brilharetes nas estatísticas relacionadas com os kms percorridos.
Compreendo e gosto muito da forma de jogar do City, mas este modelo de jogo não é, de todo, aconselhável à maioria dos clubes. E, cada vez mais, vemos muitas equipas a querer jogar “à City”. Esquecem-se que nem todos são Guardiolas e nem todos os trincos têm a qualidade de Rodrigo, ou os pés de Ederson. O que acaba por acontecer são golos patéticos que surgem na sequência de perdas de bola logo na primeira fase de construção, ou então, tal como vimos ontem, duas equipas com um estilo de jogo semelhante a anularem-se por completo e a deixarem o adepto mais pronto para a sesta do que para o Pub.
Poderão ouvir a nossa opinião no sexto episódio do Podcast A Tribo do Futebol:
Gustavo Andrade