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A UEFA e a desigualdade no futebol europeu

O impacto da Lei Bosman nos clubes dos países pequenos

A UEFA e a desigualdade no futebol europeu

Como a UEFA, ao não acompanhar os tempos, destruiu os grandes clubes dos pequenos países

A Lei Bosman de 1995 transformou irreversivelmente o futebol europeu. Ao permitir transferências livres no fim do contrato e ao eliminar limites de estrangeiros, a Lei Bosman abriu completamente o mercado. Os clubes das ligas dos maiores países passaram a atrair os melhores talentos dos clubes dos países mais pequenos, criando uma desigualdade estrutural. A UEFA não acompanhou esta mudança com uma reorganização competitiva à escala continental.

O percurso de clubes como o Ajax, Feyenoord e PSV, da Holanda, e Anderlecht, Brugge e Standard de Liège, da Bélgica, mostra bem esta transição. Todos viveram os seus períodos de ouro nos anos 1970, antes da liberalização total do mercado. O mesmo aconteceu com os grandes clubes portugueses — Benfica, Sporting e FC Porto — que atingiram o auge entre as décadas de 1960 e 1980. Depois da Lei Bosman, nenhum destes clubes conseguiu manter a mesma competitividade.

Sem uma estrutura de competições europeias em divisões — com uma primeira liga e segundas ligas fortes — estes clubes ficaram presos a campeonatos nacionais fracos, com receitas limitadas e plantéis pouco competitivos. O resultado foi previsível: os talentos dos países pequenos emigraram para Inglaterra, Alemanha, Espanha, Itália e França, onde as ligas geram muito mais dinheiro. Ao recusar adaptar o futebol europeu à nova realidade, a UEFA acabou por forçar que a desigualdade se tornasse permanente.

Artigo de opinião por:

Diogo Sousa


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